Um novo relatório da revista The Lancet Public Health revela que aproximadamente 448,7 milhões de adultos em todo o mundo enfrentam riscos relacionados a jogos de azar. Esta meta-análise, realizada por uma comissão de especialistas, expõe os graves danos que essa prática acarreta, tanto na saúde individual quanto em suas consequências sociais.
De acordo com o estudo, 46,2% dos adultos e 17,9% dos adolescentes apostaram no último ano, resultando em uma epidemia global de problemas associados ao jogo. Dentre os 448,7 milhões de adultos em risco, cerca de 80 milhões apresentam transtorno do jogo, caracterizado por padrões repetidos de apostas que causam sérios problemas pessoais e sociais.
Os impactos negativos incluem:
- Saúde física e mental comprometida;
- Ruptura de relacionamentos;
- Aumento do risco de suicídio e violência doméstica;
- Perda de empregos e problemas financeiros.
Surpreendentemente, o impacto do jogo de azar não afeta apenas os apostadores. Em média, seis pessoas ao redor de um jogador problemático também sofrem consequências adversas.
Necessidade de dados e pesquisa
Os pesquisadores enfatizam que as estimativas podem ser conservadoras, especialmente em países de baixa e média renda, onde a falta de dados torna a situação ainda mais alarmante. Eles pedem que governos que legalizam o jogo de azar se comprometam a financiar pesquisas para entender melhor o fenômeno.
Heather Wardle, uma das autoras do relatório, destaca a importância de um sistema de monitoramento robusto que colete dados de diversas fontes, como saúde pública e sistema de justiça, para mapear os danos associados ao jogo de azar.
A Indústria de jogos e suas estratégias
Com a digitalização dos jogos de azar, os riscos se intensificaram. Os produtos online são projetados para serem rápidos e envolventes, o que aumenta as chances de danos aos consumidores.
As empresas usam tecnologias digitais e influenciadores para direcionar campanhas de marketing, tornando o jogo mais acessível e atraente, especialmente para os jovens.
Jovens Apostadores
O relatório revela que 46,2% dos adultos e 17,9% dos adolescentes participaram de atividades de jogo nos últimos 12 meses. Este fenômeno é impulsionado pela publicidade e pela normalização do jogo entre os jovens, exacerbada pelo marketing de influenciadores e pela cultura do streaming.
O relatório também discute o conceito de “minoria crucial” na indústria de jogos, onde uma pequena fração de apostadores consome a maioria dos produtos e gera grande parte dos lucros. Essa dinâmica acentua desigualdades sociais, afetando desproporcionalmente indivíduos socioeconomicamente vulneráveis.
Pesquisadores notam um "paradoxo dos danos" em que grupos menos propensos a jogar, como jovens e minorias étnicas, são mais suscetíveis a consequências adversas. Isso destaca a necessidade de políticas de saúde pública que levem em consideração essas disparidades.
Recomendações para ação
O relatório apresenta uma série de recomendações para países que regulamentam jogos de azar, incluindo:
- Criação de órgãos reguladores independentes focados na saúde pública;
- Proteção de crianças e adolescentes;
- Medidas de autoexclusão para consumidores;
- Regulamentação proporcional ao risco associado aos produtos.
O Brasil, assim como muitos outros países, ainda enfrenta um grande desafio ao lidar com o jogo de azar como um problema de saúde pública. Especialistas sugerem que a implementação de políticas eficazes e abrangentes é urgente para mitigar os danos e proteger a população.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramenta de Inteligência Artificial e revisado por editor do jornal.
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